quinta-feira, março 22, 2007

Banda de Ipanema e Simpatia E Quase Amor

São dois blocos que além de dividirem o mesmo trajeto, compartilham alguns personagens históricos e a filosofia. A Banda nasceu em 1965, e varou os anos setenta usando o hedonismo e a liberdade sexual como forma de contestar a ditadura. Quando acabou a ditadura, ficou só o hedonismo e se transfigurou num bloco gay. O Simpatia começou em 1985, em meio ao renascimento cultural carioca impulsionado pela abertura e as Diretas Já. Também pregava em seus sambas o hedonismo e a liberdade, e por isso foi considerado herdeiro direto da Banda, mas adicionou à fórmula uma exaltação às tradições carnavalescas e à carioquice ipanemense.

Com tanta coisa em comum nos dois blocos, quis que as bandeiras mostrassem essa ligação. Escolhi como símbolo para representá-los o coração, que além de passar bem o conceito, é graficamente simples e fácil de se reconhecer, ideal para uma bandeira. Melhora ainda, é versátil, e dependendo da posição em que fica e dos elementos ao lado, pode se parecer também
com uma bunda, uma vagina, várias partes do corpo feminino. Acabei colocando-o virado de lado, representando uma boca pronta para um beijo. Depois pus um olho fechado em cima e adereços diversos, como cabelos e chapéus, formando as bandeiras beijoqueiras.

Cada par tem uma bandeira vermelha e amarela, cores da Banda de Ipanema, e uma amarela e roxa, cores do Simpatia É Quase Amor. O beijo da bandeira do Simpatia na bandeira da Banda simboliza a ligação dos dois blocos e a anarquia romântica que os dois estimulam em seus desfiles.

A boca em forma de coração e o olho fechado são comuns a todas as bandeiras. Os adereços é que as tornam diferentes, formando quatro personagens distintos que povoam o universo dos dois blocos – os ícones do carnaval carioca do Simpatia (o malandro, a mulata) e os estereótipos marginalizados sexualmente da Banda (a puta, a bicha). Não há regras que determinem qual personagem deve beijar qual, todos beijam todos, desde que as cores dos dois blocos estejam representados no par.

Por fim, um brinde aos observadores mais atentos: o folião que prestar atenção vai ver que não são só bocas que podem ser beijadas nas bandeiras…

As fotos são simulações de uso nos três trechos do trajeto: praça General Osório, rua Teixeira de Melo e Av.Vieira Souto.


2 Comments:

At 12:03 PM, março 24, 2007, Blogger Mauro said...

por alguma razão achei a bandeira amarela e roxa mais gay que a vermelha e branca. Não sei como diabos você fez essas montagens, acho que você pendurou as bandeiras na surdina um domingo de manhã e tirou uma foto, nem vem.

Não consegui identificar a mulata e o malandro, pra mim todas as bandeiras mostram viados e putas se beijando. Será algo como as cartas de Rorchach?
 

At 4:55 PM, março 24, 2007, Blogger Rodrigo Rego said...

Ficaram boas as montagens, né? Eu imprimi essas bandeiras em tecido, pequenininhas, e fotografei no ângulo da foto, depois foi só recortar e encaixar uma na outra.

Na última foto, há um exemplo de mulata e malandro. Na primeira fila de quatro bandeiras totalmente visíveis, tem um malandro roxo beijando uma mulata vermelha, e um malandro vermelho beijando uma puta roxa. Mas sim, talvez pra você todos os homens sejam viados e todas as mulheres seja putas, quem sabe? =)
 

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Profile

Rodrigo Rego

Sou designer, fascinado por bandeiras, jogos de tabuleiro, países distantes, e uma miscelânea de assuntos destilados quase semanalmente neste espaço.

Visite meu site, batizado em votação feita aqui mesmo, Hungry Mind.

rodrego(arroba)gmail.com
+55 21 91102610
Rio de Janeiro

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