sábado, março 24, 2007

Uma ideia pro Big Brother

O Big Brother vem desde a primeira edição no Brasil sofrendo um processo de transformação gradual. De reprodução da sociedade em microcosmo, como tentou ser no início, quando só duas das mulheres eram loiras, para a novelinha que é agora. E eu acho que esse processo é bom. Hoje todos os participantes saíram de uma fábrica dentro do Projac, que exagera em peitos e economiza em miolos, o que também é bom, porque gente burra briga e fode mais freqüentemente do que gente inteligente, mais ainda se além de burras forem bonitas. Com moradores tão previsíveis, fica mais fácil condensar as vinte quatro horas de convívio numa novela de meia hora, em que a cada um cabe um papel novelesco, seja herói, heroína, vilão, capangas, alívio cômico, etc. O problema é que os personagens às vezes agem contra o script, o que pode resultar em acidentes como a eliminação prematura do Caubói, inimigo público número um da vez, o que deixou o programa ao mesmo tempo sem vilão e sem par romântico, já que o ele fazia parte também do último casal remanescente. Agora, a duas semanas do final, temos um herói, quatro coadjuvantes e nenhuma perspectiva de reviravolta.

Minha idéia, não sei como ninguém teve uma dessas antes, era fazer do Big Brother uma novela de verdade. Com atores da Globo. Pares românticos mais duradouros e polêmicos, vilões que se mantém até a reta final, tudo em horário nobre, depois do Jornal Nacional. O esquema pode ser igual. Quinta é prova do líder, sábado (porque domingo é dia de Fantástico) definição do paredão, e na terça um deles cai fora. Se bobear, por votação popular mesmo, para dar uma interatividade à história, tipo Você Decide, e ainda revela quais são os atores mais populares. O grande vilão, claro, pode até ser volta e meia indicado para o paredão, mas tem um estratagema de manipulação de votos, seja vírus nos computadores centrais, seja o que for, que só vai falhar quando for confrontado, no último paredão, com a popularidade avassaladora do herói (e mesmo assim, por pouco).

Os personagens eliminados saem mesmo da história, mas se forem muito populares, podem fazer uma ou outra intervenção, como tentar pular o muro da casa para rever o grande amor, ou fazer declarações polêmicas enquanto posa pelada pra playboy. Os momentos de paredão têm que ser de grande tensão. Os personagens, ao ver suas famílias pela televisão, podem reconhecer o pai perdido, ou ao se despedirem dos amigos quando eliminados, podem fazer uma revelação tipo “eu sei que você tem uma irmã gêmea malvada”. Nos relacionamentos, os brothers ficcionais seriam muito mais volúveis, trairiam o par com alguém ali de dentro mesmo sem deixar o outro saber, brigariam e se reconciliariam com mais freqüência. Nas estratégias, podem ser muito mais sofisticados, com personagens infiltrados nas panelinhas inimigas pra descobrir como vai ser a combinação de votos do lado de lá. Nas tomadas, as câmeras podem ser muito mais despudoradas nos closes de bundas e peitos, e edição não vai mais ter momentos de silêncio ou em que todos falam ao mesmo tempo, e ninguém entende nada.

A novela duraria três meses. No final, ficam na casa só o vilão e o mocinho, o Alberto fictício (digamos, Selton Mello) enlouquecido com a faca de cozinha no pescoço do Alemão (sei lá, Dado Dolabella), dizendo que se não ganhar o milhão final lhe rasga a garganta, e o público votando nele com medo de o herói morrer, e acaba que ele ganha mesmo. O Alemão sai cambaleante e encontra à sua espera a Siri (Mel Lisboa), que tinha sido eliminada dois paredões antes, e os dois saem pobres e felizes nos braços do povo. O Selton Mello sai rico e vai preso, a mensagem final é que dinheiro não traz felicidade, enquanto o Lázaro Ramos, que foi o terceiro colocado e era o alívio cômico da novela, ganhou um Audi num sorteio e termina dando carona pra várias gatas apesar de feio.

2 Comments:

At 12:27 AM, março 26, 2007, Blogger Mauro said...

Quem é mais esperto. Os intelectuais , bacharéis e profissionais liberais que trabalham e estudam arduamente por um trabalho que traga boas recompensas ou os "burros" que ganham rios de dinheiro sem fazer porra nenhuma? As vezes eu me pergunto isso... e chego à conclusão de que o chá do Outback não é descafeinado.
 

At 12:28 PM, março 29, 2007, Blogger Rodrigo Rego said...

Se dinheiro for a única medida para esperteza...
 

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Profile

Rodrigo Rego

Sou designer, fascinado por bandeiras, jogos de tabuleiro, países distantes, e uma miscelânea de assuntos destilados quase semanalmente neste espaço.

Visite meu site, batizado em votação feita aqui mesmo, Hungry Mind.

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