Criptocríticas: Santiago
Vi esse documentário semi-acordado, mas ainda assim pude tirar dele uma grande lição. O filme conta sobre o mordomo Santiago, que dedicou a vida a relacionar membros da aristocracia de todos os povos em todas as épocas, dos franceses aos hititas, dos búlgaros aos cheyennes. Quando, quase no fim da projeção, Santiago diz querer que suas 35 mil páginas manuscritas sejam incineradas após sua morte, está sem saber revitalizando o niilismo. Pois se a vida é uma sucessão de desimportâncias entre o nascimento e a morte, a única forma de lhe dar significado é dedicá-la a uma única tarefa, absurda e hercúlea, para ser cumprida sem questionamentos. A relação de aristocratas que Santiago cataloga diariamente, por mais inútil que seja, tornou sua existência muito mais marcante do que a da imensa maioria da população do formigueiro. Por que então deveria ela sobreviver à sua morte? Espero que este blog também seja incinerado quando chegar a minha hora.
3 Comments:
At 11:15 PM, setembro 13, 2007, Anônimo said...
fala serio voce inventou esse documentario!
At 10:47 AM, setembro 14, 2007, Mauro said...
Só quinze linhas mesmo, caramba! Não deu nem pra sujar os dentes.
At 10:49 AM, setembro 14, 2007, Mauro said...
Aliás, fiquei super-decepcionado pela resenha não ser sobre um jovem e excêntrico dentista epiléptico de Araraquara que se alimenta unicamente de cerveja e torresminho. Acho que um documentário sobre ele seria muito mais interessante.
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