segunda-feira, agosto 14, 2006

Computador

Já cantei mais de uma vez aqui neste espaço as maravilhas de um Macintosh, chegou a hora de enumerar suas mazelas. Enumerar na realidade não é bem o verbo, pois há apenas uma a se mencionar. Um preciosismo, é verdade, mas sem solução aparente, um detalhe incômodo como um corte de folha de papel na ponta do dedo, nem tanto por obra do Macintosh em si, esse oásis de ordem e beleza, mas do mundo ilógico que o circunda.

Há um emaranhado de fios e cabos que corre solto sobre a minha mesa. É o ecossistema que mantém o laptop vivo, um intestino de digestão de bytes escorrendo à sua volta. Contei-os todos, para melhor pormenorizar a desordem. Achei, do lado esquerdo:

- um fio branco, que veio junto com o computador, e o conecta a uma caixinha branca.
- um outro fio branco, mas não tanto, ligando a impressora ao computador.
- um cabo cinza liga a impressora ao benjamim.
- um terceiro fio branco, mais grosso, sai da caixinha branca e se conecta ao benjamim.

E do lado direito, o mais congestionado:

- um cabo preto, que liga o computador à caixinha da velox.
- um outro cabo preto conecta o computador a um hub multiplicador de saídas USB, das quais duas estão ocupadas.
- da primeira segue um fio preto até o mouse.
- da segunda sai mais um fio preto conectado à câmera fotográfica, que não tem motivo para continuar ligada ao laptop depois de duas semanas do seu último uso. Mas continua.

Além deles, colaboram para o pleno funcionamento deste laptop os seguintes cabos e fios, todos do lado direito:

- um fio bicolor que liga a caixa da Velox ao benjamim
- um cabo cinza que conecta a caixa da Velox ao hub que duplica o sinal da banda larga.
- dois fios, um vinho, que se bifurca em dois cinzas depois de passar por uma caixinha preta, e um azul, grosso, que levam, através de um buraco na parede, o sinal duplicado da velox em direção ao quarto da minha irmã.
- um cabo que liga o duplicador de sinal ao benjamim.
- um fio que conecta o benjamim ao ponto de energia.

Esses fios sempre estiveram aqui desde o primeiro computador, mas ficavam escondidos, porque minha escrivaninha (mais sobre esse tópico no próximo post), foi projetada com um vão para colocar o gabinete. Mas com a adoção do laptop, os fios ganharam liberdade e começaram a traçar caminhos tão lombriguentos que costumo esculpir neles montanhas russas para matar o tempo.

Moldo guinadas e loopings, mas mesmo que não me desse ao trabalho, o passageiro das montanhas russas de fios que partem do meu Macintosh já se depararia com um cenário desafiador. São quedas vertiginosas da caixa da Velox em cima da prateleira até seus receptores no andar debaixo, são hubs que multiplicam os trajetos e os tornam imprevisíveis, são diversos pontos de contato entre os trilhos, que se encostam, se enroscam e se prostituem, e exigem cálculos muito complexos de engenharia de tráfego para evitar colisão de vagões.

Visualizando os fios dessa forma, talvez com algumas árvores de maquete de arquitetura e caminhos de tijolos amarelos por onde os turistas pudessem comer algodão-doce, o emaranhado fica mais bonito de se ver. Com cores circenses, música alegre, fontes animadas que cospem água em coreografia, ficaria melhor ainda. Sem isso, sem ouvir o estrondo dos vagões passando e das namoradas gritando de medo nas descidas, essa fiarada não tem graça nenhuma.

6 Comments:

At 5:37 PM, agosto 15, 2006, Anonymous Anônimo said...

Como assim sem graça? Bastou começar a ler a palavra montanha russa e já era possível imaginar os gritos frenéticos das meninas, os olhos esbugalhados das crianças, o garoto que quer dar uma de machão e fica refreando seus instintos pra não gritar e dizer que não foi nada. O looping passando pela orelha do cachorro e entrando na câmara escura atrás do móvel só piora a situação, mas, enfim... isso foi só na minha (sem piadinhas) cabeça mesmo...
 

At 9:02 PM, agosto 15, 2006, Anonymous Anônimo said...

eu sou pobre, não tenho laptop e uso computador normal, mas
embaixo da mesa onde fica o dito-cujo tb tinha um mafuá de fios... sempre que alguém ia limpar desconectava um e parava de funcionar. eu resolvi comprando um espiroduto (espiroducto?), que enrola tudo e forma tipo um cano. quem sabe não funciona aí pros seus fios rebeldes? (vai acabar com a sua brinadeira, mas...)
 

At 10:01 PM, agosto 15, 2006, Blogger Rodrigo Rego said...

po, é uma idéia. vou me informar sobre esse negócio.

e douglas... cara, tem que ver que na sua cabeça cabe muito mais coisa que na minha. =)
 

At 11:51 PM, agosto 15, 2006, Blogger Mauro said...

duas palavras : blue tooth

Agora, se você quer que tudo funcione sem fonte... esqueça ou use sempre bateria, só carregando quando estiver fora.

Este problema que você enfrenta agora se tornará realidade para quase todos que comprarem tv de plasma ou LCD, aquele buraco na estante vair ficar com a maior sobra no alto (4x3 -> 16x9) ou a tv nem vai caber no maldito buraco.
 

At 6:19 PM, agosto 17, 2006, Anonymous Anônimo said...

Só você pra gostar de fios emaranhados de computador.
Eu prendo todos os meus com arames de pão, como quando vêm nas caixas fechadas, senão a faxineira não tira a mesa do lugar pra limpar.
Eu queria os dentes azuis também...
Bjo.
 

At 6:47 PM, agosto 30, 2006, Blogger Rodrigo Rego said...

Bluetooth é uma palavra só.
 

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Profile

Rodrigo Rego

Sou designer, fascinado por bandeiras, jogos de tabuleiro, países distantes, e uma miscelânea de assuntos destilados quase semanalmente neste espaço.

Visite meu site, batizado em votação feita aqui mesmo, Hungry Mind.

rodrego(arroba)gmail.com
+55 21 91102610
Rio de Janeiro

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