iPod Shuffle
Bolei um conceito para uma nova banda de rock, dessas que surgem bombando na Inglaterra e caem no esquecimento seis meses depois. Iria se chamar iPod Shuffle.
No show, depois de cada música, o vocalista aperta um pedal que determina aleatoriamente a próxima música. Fica abolida toda a ciência que decide a ordem do show, que prega que tem que começar forte, deixar as baladinhas pro meio e terminar com a casa vindo abaixo. Fica tudo por conta do shuffle do pedal.
Uma outra engenhoca, parecida com um aplausômetro tipo show de calouros, avalia a reação do público. Se estiverem vibrando muito, a banda dá repeat na música. Com silêncio ou vaias, ela é obrigada a interromper e tocar a próxima.
O grupo teria um repertório de cerca de 100 músicas, a maioria de bandas indie, tipo Belle & Sebastian, Los Hermanos e White Stripes. Umas 20 seriam coisas mais antigas, como U2, Blitz, Elvis e Tim Maia. E 10 poderiam ser daquelas nada a ver, que quando aparecem no shuffle na frente dos amigos a gente corre pra pular antes de aumentar o estrago. “Take my breath away” do Top Gun, “Então é Natal”, na voz da Simone, a música dos bichinhos da Parmalat, “Cavalgada das Valquírias” na versão acelerada do Degrau do Inferno, essas coisas.
Pra dar o clima de shuffle, a banda tem que ter vários vocalistas, e de preferência assumir várias formações: com e sem metais, mellotron, tudo acústico ou só no pianinho. E melhor ainda, reajustar os amplificadores a cada música para tocar cada uma num volume.
Difícil arrumar gente tecnicamente apta para a empreitada, eu sei. Eu gostaria de fazer parte, mas meu dom musical se limita a tocar o “Dó-ré-mi” da Noviça Rebelde na flauta doce. Se bem que, seguindo a filosofia da banda, dava até pra fazer uma participação especial.
* * *
Outra possibilidade é aprender a lição de Borges, que diz que é melhor resumir uma idéia em 5 linhas do que espalhá-la por 500 páginas. Ou seja, em vez de uma banda, podíamos então fazer só uma música com o nome de iPod Shuffle.
A música teria a letra deste post, até antes dos asteriscos. Cada parágrafo tem um ritmo diferente. O primeiro é rockabilly. O segundo é um partido alto. O terceiro é sertanejo. O quarto, que é o maior, vai no embalo de Faroeste Caboclo. O quinto é gangsta rap e o sexto é Guilherme Arantes. Entre o terceiro e o quarto tem um jazz instrumental e entre o sexto e o sétimo toca drum ’n’ bass. Pronto, hit instantâneo.
6 Comments:
At 10:09 PM, outubro 20, 2008, Anônimo said...
Bolei um conceito para uma-
nova banda de rock!
lala-ra-lala-ralala...
Dessas que surgem bomban-
na inglaterra-e-caem-no-esquecimento-depois-blublabul...
Não, não deu certo...
At 10:17 AM, outubro 21, 2008, Rodrigo Rego said...
Como eu disse, difícil arrumar gente tecnicamente apta para a empreitada... =)
At 5:53 PM, outubro 21, 2008, Mauro said...
Pra falar a verdade, no meio do segundo parágrafo já deu vontade de apertar "next" para reduzir o estrago.
At 8:13 PM, outubro 21, 2008, Rodrigo Rego said...
É, acho que até o público da iPod Shuffle tem que ser bem seleto mesmo...
At 8:44 AM, outubro 23, 2008, Anônimo said...
essa coisa de fazer mençao a borges nos posts e uma tentativa de se mostrar mais cult? :p
At 10:54 AM, outubro 23, 2008, Rodrigo Rego said...
Claro. Achei que estava sendo discreto, mas você descobriu tudo...
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