Um filme pra cada ano de vida
Pra acabar com a chochice silenciosa deste blog (não minha, que eu tou mais prolixo do que nunca, é a de vocês mesmo), vamos botar em pauta um assunto que todo mundo adora dar opinião. Listas de filmes.
Um filme pra cada ano de vida. Vi isso em algum lugar e resolvi copiar. Que jeito legal de empilhar filmes, e que bom que eu não tenho 85 anos. Vamos lá:
1983 – Zelig
Vi esse na casa do Mauro, há uns 4 anos, não lembro a troco de quê eu estava lá. Precisa de um bom motivo pra subir aquela ladeira. Acho que só eu me diverti vendo o Woody Allen como um cara que incorpora os trejeitos e a aparência de qualquer pessoa que se aprochegue dele.
1984 – Amadeus
Quando eu tinha uns doze anos, meu pai resolveu me aculturar empurrando vários clássicos do cinema. O tipo de iniciativa coalhada de boas intenções que só traumatiza a pobre da criança. Nunca mais vi Lawrence da Arábia, Vento Levou, Os Pássaros, Chaplin. Só Amadeus que era tão bom que anos depois entrou até no meu top ten.
1985 – De volta para o futuro
1986 – A pequena loja dos horrores
Uma planta carnívora ET gigante cantando num musical na época já era suficiente pra mim, mas depois que você cresce e aprende a identificar Rick Moranis, Steve Martin, Jim Belushi e Bill Murray, fica melhor ainda.
1987 – Os intocáveis
1988 – Um peixe chamado Wanda
1989 – Faça a coisa certa
Sempre fiquei reticente com essa coisa de filme realidade da favela. Acabou que este é o melhor de todos os filmes de gueto, com todos os elementos que eu detesto mas bom demais mesmo assim.
1990 – Os bons companheiros
Saí do cinema de joelhos depois de Infiltrados, mas pensando, como é que eu não gosto de nenhum outro filme do Scorcese? Dormi em Taxi Driver, bocejei em Cassino, vi Touro Indomável duas vezes porque tinha esquecido que vi da primeira vez. Aí cheguei aos goodfellas, e pronto, afinal outro filme muito bom.
1991 – A bela e a fera
Fui empurrado ao cinema sob protestos de “não sou mais criança”, e depois da cena da batalha entre humanos e objetos, perdi pra sempre qualquer preconceito com desenho animado.
1992 – Esqueceram de mim 2
O filme mais ansiosamente esperado da minha vida. Chegamos muito tempo adiantados ao cinema de Petrópolis e entramos na sessão com a anterior ainda comendo solta. Fiquei uma hora de olhos e ouvidos tapados para não absorver nada fora do contexto. E mesmo depois de tanta expectativa, Kevin McCallister foi direto pro meu top ten de antanho (eu já fazia naquela época).
1993 – Feitiço do tempo
Não bastasse o nome, a capa do DVD é o Bill Murray com cara de Chevy Chase preso num relógio. E ainda tem a Andy McDowell. Me recusava a ver um troço desse, mas a Paula insistia, e ela gosta de Kubrick e Truffaut, então acabei cedendo.
1994 – Pulp Fiction
Acho que foi o primeiro filme pra mais de 18 anos que vi, e eu já devia ter uns 13. Meu tio alugou lá em Petrópolis, e eu vi numa TV capenga e chiada enquanto as pessoas esmurravam o totó. E mesmo assim atinei que era o melhor filme que eu já tinha visto.
1995 – Antes do amanhecer
1996 – Um drink no inferno
1997 – Mera Coincidência
1998 – O show de Truman
1999 – O mundo de Andy
Vi numa sessão de cinema do curso que fiz na Inglaterra, cercado de tchecos babando ovo do Milos Forman. Hoje quem baba o ovo dele sou eu.
2000 – O Jantar
Foi o primeiro filme assumidamente cabeça que eu fui ver espontaneamente. O Jantar abriu pra mim um filão novo, dessas obras que falam pouca coisa de muita gente, contando dezenas de nacos de pequenas histórias e logo passando pra seguinte. Daí deve ter surgido o meu gosto por, entre outros, o livro Vida, Modo de Usar.
2001 – A Experiência
Li uma sinopse interessante perdida entre centenas de outras na programação do Festival do Rio e fui. Filmaço, violento e agoniante como só os alemães conseguem. Saí por aí evangelizando os outros a ver essa jóia perdida também, mas sem o elemento surpresa, ninguém gostou tanto como eu.
2002 – Durval Discos
Vi a contragosto por causa de um trabalho de faculdade. Mas com esse final enervante e a trilha cheia de Sá, Rodrix e Guarabyra, acabou que este é um dos melhores filmes brasileiros.
2003 – Dogville
2004 – Antes do pôr-do-sol
2005 – King Kong
Saí do filme acreditando piamente que cinema não tem que ser sério, tem que ser só tesouros perdidos, tribos cheyennes e macacos gigantes lutando com tiranossauros caindo do abismo.
2006 – Os infiltrados
2007 – Tropa de elite
Desperta meu fantoche fascista cada vez que ouço aquela coisa do pega um pega geral, também vai pegar você.
2008 – Na natureza selvagem
Vi numa sessão de onze da noite no Fashion Mall deserto. E mesmo batendo cabeça, tenho certeza que este vai ser o melhor filme do ano.