domingo, abril 29, 2007

Comentarios Anonimos Beligerantes Estapafurdios

Uma das minhas leituras de banheiro favoritas é uma coletânea especial de Calvin & Haroldo na qual o Bill Watterson, além de selecionar suas melhores tiras, faz comentários sobre suas influências, seu processo criativo e o melhor, a reação dos leitores aos quadrinhos. Como Calvin chegou a ser publicado em mais de mil jornais pelo mundo, acaba que o potencial cômico involuntário das centenas de pessoas que escreviam cartas comentando as tirinhas chega a superar o humor do próprio Watterson.

Uma das tiras mostra Calvin se preparando para uma apresentação sobre morcegos na escola. Calvin não faz pesquisa nenhuma, então deduz que morcegos são insetos peludos e dentuços. E em conseqüência Watterson recebe dezenas de cartas com detalhadas classificações taxonômicas dos morcegos, chamando-o de burro e criticando o desserviço que estaria prestando na formação das crianças.

Se Calvin & Haroldo fosse um blog, este seria um caso clássico de comentário anônimo beligerante estapafúrdio, do tipo 1. Os comentadores partem do princípio que o autor ignora algo que eles sabem, e por isso resolvem desancá-lo. Neste post sobre Los Hermanos, também linkado semana passada, não há absolutamente nenhuma crítica à banda, mas só por não haver também muitos elogios, um anônimo assumiu que eu não gosto do grupo, e além de não gostar, não sou aculturado o suficiente para admirar a verdadeira boa música:

“Poxa... antes de escrever alguma coisa sobre música você tem que estuda-la, não sai por aí escrevendo um monte de besteiras sem nenhum fundamento. Amarante é um compositor fantástico,as harmonias de suas composições são perfeitas,complexas, e como tudo que é complexo so pode ser entendido e admirado por quem entende o mínimo do assunto (pelo visto não é o seu caso....mas tudo bem). Paquetá, por exemplo, vc ja ouviu??Em ritmo de Rhumba e com acordes dignos da mais fina bossa nova, diferentes de todas essas merdas de dois ou tres acordes que se ouvi nas radios.Amarante também é impecavel nas letras, em o Ultimo Romance fala sobre o amor na sua forma mais pura e inocente...os arranjos de metais são fodas, que também são feitos por Amarante caso vc não saiba,talvez vc não saiba em o que são os metais. _Oque te incomoda é o fato do Amarante, assim como o Camelo, serem talentosos e tenham resgatado a boa musica no brasil que estava perdida a tempo.Se ele estudou no santo não sei oque lá....não me interessa, isso é coisa de Tv FAMA, ou genmte desocupada como vc.

E depois ainda pede:

Aguardo resposta.....mas com o mínimo de fundamento, POR FAVOR!!!!

Outro tipo de comentário anônimo beligerante estapafúrdio vem das pessoas que antes mesmo de ler o post já sabem do que se trata, e manifestam sua opinião crítica e agressiva a respeito de afirmações que o texto não tem. Quando há muito tempo atrás escrevi este post que inocentemente celebrava a chegada do meu novo Macintosh, apareceu um sujeito falando que:

"É, já vi que o mac é mais perto de um tamagochi que de um computador de verdade" ??????? Vocês se acham muito espertos não é? Querendo com meia duzia de frases irônicas questionar um dos maiores avanços no mundo da informática... Porque vcs não continuam "saindo com os amigos para conversar assuntos da atualidade" e "se vestindo como o Zeca Camargo da globo" e para de falar besteira? Cada um na sua... não entendo, tem gente que acha legal querer ficar falando difícil e criticando...criticando...analisando...

Mesmo que eu tenha escrito o oposto do que ele criticou. Vai entender.

Mas por fim, os melhores. São os comentários que, além de te xingar, acrescentam informações úteis. Neste post, eu falava sobre o insucesso da minha viagem à horrível cidade de Itaboraí pra tentar burlar o alistamento militar com o pistolão de um tio distante. Mas o que era antes um texto insosso ganhou brilho depois da elucidativa aula da história de Itaboraí que eu ganhei de presente neste comentário (feito no post errado, três textos abaixo).

Pouca sorte a sua, ao conhecer nossa Itaboraí, berço da Nação Brasileira, quando os jesuítas catequisaram os Moromonrones. Terra-mãe de vultos ilustres, como João Caetano e Joaquim Manuel de Mcedo, a cidade tem o primeiro teatro do Brasil, o primeiro túvel ferroviário do País, fazendas seculares, e gente muito decente que não foge do serviço militar nem negocia peças em desmanhces. Obrigado por não ter gostado, espero que nunca volte com suas artimanhas por aqui.

A partir de agora, terei muito mais respeito quando voltar ao berço da civilização brasileira.

terça-feira, abril 24, 2007

Acabou!

E teve gente duvidando quando eu avisei...

quarta-feira, abril 18, 2007

Salvando o mundo, minha parte

Acabo de colocar este blog sob uma licença Creative Commons, o que significa que deixo as regras de uso do seu conteúdo definidas de antemão. As regras são: tudo que estiver hospedado neste site pode ser usado e modificado por qualquer pessoa, pra fins comerciais e não-comerciais, desde que me dê o crédito.

Um registro convencional de propriedade intelectual prevê que o autor precise autorizar e ser recompensado pelo uso do seu trabalho. Mas às vezes essas regras podem restringir o acesso à obra, dificultando sua divulgação. O Creative Commons, ao estimular que as pessoas escolham que direitos seu trabalho terá, facilita ao mesmo tempo a divulgação do autor independente e o usufruto da obra por mais gente. É um pacto em que o autor e seu público saem ganhando.

Existem diversas outras iniciativas baseadas no princípio pactual, que acaba com a necessidade de um mediador (no caso do Creative Commons, uma gravadora ou uma editora) para que os dois lados sejam beneficiados. Na Alemanha, há um site que negocia transporte intermunicipal entre um motorista e candidatos a carona. O condutor indica o local e a hora de partida e chegada, a quantidade de vagas e o preço, que geralmente corresponde ao combustível gasto. Quem se interessar faz contato, pagando bem mais barato do que se fosse de trem ou de ônibus.

Outra iniciativa é o Couch Surfing, programa onde os candidatos inscrevem suas casas como hospedagens gratuitas para turistas, tendo em troca a possibilidade de se candidatar a hóspede nas milhares de outras casas inscritas pelo mundo. Além de nunca mais precisar pagar hotel, ainda ganha companhia e ajuda para lavar a louça quando estiver em casa.

Aos poucos, vai se despertando a consciência de que essas iniciativas não são apenas idéias isoladas, mas parte de um sistema nascente que muda o motor econômico vigente: sai o individualismo de Adam Smith, entra a cooperação de John Nash. Como naquela cena de Uma Mente Brilhante em que Russel Crowe prova que, abrindo mão de alguns direitos para se unir, um grupo consegue chegar ao seu objetivo muito mais facilmente.

Mesmo com tantos benefícios, muita gente duvida desse novo sistema, hesitando em ter que ceder para depois receber em dobro. Nossos pais certamente preferem conservar seus direitos, e só uma pequena parcela da nossa geração vai topar aderir. Mas quando os poucos de nós que tiverem visão de futuro virarem professores de história esquerdistas e inspirarem nossos filhos a mudar o mundo, farão da próxima geração uma sociedade bem mais cooperativa, que levará o modelo pactual onde nós nunca sonhamos que ele chegaria: hortas urbanas, e é o fim dos supermercados, oleodutos comunitários, e é o fim dos postos de gasolina, geradores de energia a partir da andança coletiva, e é o fim das contas de luz, e daí pra resolver o aquecimeto global, todos juntos de mãos dadas, é um pulo. O mundo no futuro vai ser bem melhor do que agora.

quarta-feira, abril 11, 2007

As dez bandeiras mais bonitas do mundo

Eu já tinha feito uma lista de bandeiras mais bonitas há algum tempo, nos comentários desse post. Mas ao longo do ano passado, fui aumentando meu repertório e burilando meus critérios de avaliação, por isso decidi publicar um novo top ten. Este é menos conservador, e não se limita a bandeiras nacionais, e nem mesmo a bandeiras oficiais. Vamos a ele:

10 – Filipinas

Algumas outras bandeiras poderiam ocupar essa décima posição, como a da Gâmbia, da Estônia ou da Noruega, mas preferi ficar com a bandeira filipina, que tem um desenho um pouco mais original, e um símbolo bonito no centro do chevron.

9 – Saba

Como a bandeira do Brasil poderia ser bem melhor se tivesse escolhido cores, proporções e um símbolo mais bonito no centro. Saba é uma das Antilhas Holandesas.

8 – Suriname

Pra mostrar que bandeiras podem ser elegantes sem deixar de ser tropicais.

7 – Alemanha

A bandeira mais bonita entre os países independentes. Desenho basicão, mas uma escolha de cores magnífica.

6 – Berna

Adoro essas bandeiras medievais em que o animal representado fica todo torto pra poder caber direitinho na moldura. Nessa o urso ainda tem um bom motivo pra estar lá, afinal Berna vem de urso, em alemão.

5 – Friesland

Vamos agora para as bandeiras mais ousadas. Essa, de uma província holandesa, seria tosca se não fosse brilhante.

4 – Overijssel

Mais uma província holandesa. A Holanda pelo visto tem enorme expertise na arte da vexilografia. A bandeira descontrói o design horizontal clássico para representar o rio que corre pela região.

3 – proposta de bandeira para a Nova Zelândia

Os neozelandeses não agüentam mais sua bandeira colonialista. A proposta da associação Nzflag, além de excepcionalmente concisa, tem a mais ousada combinação de cores que eu já vi. O símbolo no centro é uma bela representação do maior símbolo do país, que é a… samambaia (???).

2 – proposta de bandeira para a Austrália

Os australianos também não agüentam mais sua bandeira, e também tem sua associação para defender a mudança. Fizeram milhares de tentativas, das quais se sobressai esta, com as cores aborígenes e inglesas e um canguru estilizado fora de série.

1 – Palau

Com um mísero círculo representa de uma só vez o clima, a vista e o mapa dessa ilhazinha no Pacífico. Nem eles sabem que são tão geniais.

sexta-feira, abril 06, 2007

Gigantes da Lira

















O último bloco contemplado pelo meu trabalho final desfila pela rua General Glicério, uma transversal da rua das Laranjeiras no início do Cosme Velho. É um bloco infantil, que toca marchinhas antigas de carnaval, e fica cheio de artistas de circo; malabaristas, pernas-de-pau e especialmente palhaços.

A linguagem dessas bandeiras é a mais objetiva e lúdica das três, pois precisa ter mais apelo para as crianças. A idéia é apresentar quatro palhaços diferentes nas quatro bandeiras iniciais. Cada bandeira tem sua própria cor de fundo, e os palhaços são formados por três partes: chapéu, rosto e roupas, nas cores verde e laranja, as cores do bloco.

No segundo trecho do trajeto, essas três partes são separadas e unidas às de outros palhaços, formando vários outros palhaços diferentes. Esse tipo de jogo, comum no repertório de brinquedos infantis, pode ajudar a chamar a atenção das crianças para as bandeiras. No último trecho do trajeto, já quase de volta ao ponto de partida, os palhaços originais são remontados.



Profile

Rodrigo Rego

Sou designer, fascinado por bandeiras, jogos de tabuleiro, países distantes, e uma miscelânea de assuntos destilados quase semanalmente neste espaço.

Visite meu site, batizado em votação feita aqui mesmo, Hungry Mind.

rodrego(arroba)gmail.com
+55 21 91102610
Rio de Janeiro

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