quarta-feira, janeiro 25, 2006

Rapidinhas de inverno

Nessa última semana andou fazendo um frio desumano em Berlim. Neve, tombos no gelo, camadas de casaco e a comida mofando rápido na geladeira, já que pros micróbios tanto faz ficar do lado de dentro ou de fora. Por causa disso que dia sim dia não tenho que encarar quatro quarteirões de vinte graus abaixo de zero pra ir no supermercado renovar os mantimentos. O supermercado fica um auê, todo mundo com o mesmo problema, mas enquanto a parte do frigorífico fica vazia, tudo congestiona na seção de comidas típicas. Os micróbios são espertos, se abrigam do frio comendo pizza congelada, ninguém compra porque a validade acaba muito antes do prazo, e nos sobram só os pães pretos com semente de abóbora, intragáveis.

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A abóbora é uma planta burra, por isso tem tanta semente de abóbora no mundo. Ela é como os dinossauros, que têm cérebros às vezes até maiores do que os nossos, mas proporcionalmente minúsculos. Aboboreiras também têm cérebros pequenos, devem dar seus frutos no meio do inverno, e são tantas as sementes de abóbora que não vingam, que o excesso acaba decorando os pães pretos alemães.

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Quando me perguntam por que eu não gosto de pão preto, eu costumava recorrer à bagagem de futilidades pra argumentar que na Idade Média pão preto era comida de plebeu. Os nobres se fartavam era com cordeiros e faisões, tudo ensanduichado no pão branco. Mas veio o frio e me lembrou que antes de existir aquecimento central valia tudo pra acumular um pouco de energia, e que portanto o sabor do pão branco talvez não fosse tão apreciado quanto a sua capacidade de concentrar amido.

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Falando em energia, ontem teve um apagão de meia hora aqui em casa, ainda não sei se foi generalizado. Além disso os trens já me deixaram três vezes esperando mais de dez minutos na estação descoberta, o alto-falante sempre diz que foram problemas mecânicos. É o frio congelando disjuntores, motores, tudo.

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Uma estação de trem descoberta durante mais de dez minutos é, aliás, um bom prelúdio de castigo divino. É como se cada dedo tivesse se furado na roca da bruxa má: adormecem profundamente e dá a impressão de que nunca mais o sangue vai circular ali por dentro. A fumacinha que sai da boca vira gelo instantaneamente, as crianças ficam brincando de soprar um no pé do outro, e dependendo do tamanho da baforada, pode ficar perigoso. A orelha eu já quebrei duas vezes, mas tem outros pedaços pelo chão pra escolher caso a sua fique muito estilhaçada, com sorte eles encaixam. A minha da esquerda está um pouco mais morena que a da direita, e veio com um piercing.

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Eu não gosto de piercing, acho que dá ao usuário um ar de rebelde sem causa que comigo não combina. Mas era a orelha que tinha no chão e não pude reclamar. Estou querendo tirar com um alicate. Antes pensei em levar num especialista pra fazer tudo limpinho, mas com esse frio eu só saio de casa se estiver no contrato.

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E em dois dias acaba o contrato. Fim do meu estágio, e finalmente um tempo livre pra hibernar.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Escola Superior de Design

Nhenhenhém é uma palavra tupi. Significa papo furado. Eu sei que meu histórico aqui nesse blog não me dá muita credibilidade, mas juro que é sério. Os portugueses chegaram com os espelhinhos e ninguém entendia patavina da língua truncada deles, por isso os índios começaram a repetir, nhenhenhém, nhenhenhém. Aí pegou, de tão apropriada que é foi incorporada, papo furado.

Acho que nenhuma outra palavra, qualquer que seja a língua, consegue uma liga tão boa entre significado e sonoridade. Porque no fundo as palavras são só isso mesmo, por mais que a gente decomponha e estude a etimologia da etimologia, a árvore genealógica dos australopitecos, no final os nomes são só uma verbalização pros objetos. Devem ter sido centenas de anos de evolução lingüística até que cada idioma definisse sua coleção de palavras, as que melhor traduzem o seu mundo em som. As línguas estão cheias de ótimos exemplos, nem precisa procurar muito.

No inglês mesmo tem um monte. Eles têm mania de nomear alguns verbos usando onomatopéias. Scratch é coçar, splash é cair na água, e ambos são barulhos facilmente associados às ações que definem. Às vezes eles sinalizam até diferenças de intensidade. Kiss pode ser um beijo mais tímido, já smack é um beijo estalado – embora nenhuma das duas se compare com o original em português, que precisa quase de uma mímica pra acertar a pronúncia.

A palavra que os ingleses acertaram mesmo foi design. Design significa projeto. Só. Meio vago, qualquer um pode projetar qualquer coisa. Um engenheiro projeta, um economista projeta, uma costureira projeta, então por que só um designer faz design, se design também é projeto?

Mas a sonoridade da palavra, aí que está o coelho. Design é um termo completamente desvinculado de seu significado original, tanta é a sua sonoridade. Quando alguém compra um produto qualquer porque tem design, digamos um ventilador ou uma batedeira, não é porque tem projeto. Projeto todos têm. Design vai além de sua etimologia, é nesse i falado como ai, muderno e metido a besta, e no arrojo da mistura impronunciável de g com n que reside a aura criada em torno da atividade.

Só os russos não gostavam muito da palavra design. Talvez por ser muito ousada para o seu sistema comunista viciado, talvez só por ser em inglês mesmo. Mandaram que as escolas de design da Alemanha Oriental se chamassem escolas de Industrielle Formgestaltung, que traduzido é algo como projeto de forma industrial. Semanticamente, é um nome até mais preciso, mas continua dando margem a milhares de outras coisas que não são design. No entanto, é no som que ele se perde por completo. Acaba associando a atividade do design, que é de criatividade, estética e experimentação, com o ambiente pesado de uma fábrica, gases tóxicos e engrenagens.

A forçação de barra bolchevique acabou sabe-se lá por quê passando pro espanhol, diseño industrial, e daí pro português, onde erraram de novo ao traduzir diseño, projeto, por desenho, que em castelhano se diria dibujo. E aí herdamos esse termo horroroso, desenho industrial, que ilude alguns vestibulandos que acham que vão poder desenhar quadrinhos, e espanta outros que pensam que têm que comprar capacete pra entrar em usina. Ainda bem que todo mundo agora fala design, que no final das contas ganhou na preferência popular. Falta vencer só na última frente de batalha, os nomes das faculdades, que teimam com a denominação antiga. Por isso que eu a partir de agora só digo que estudo na Esd.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Eleanor Rigbies – The people behind the songs

É esse o título do novo esforço conjunto dos herdeiros dos Beatles – Ringo Starr, Yoko Ono, Olivia Harrison e, principalmente, Paul McCartney, que dos quatro era o que mais se divertia inventando personagens para suas composições. Com a chancela dos outros três, Paul relata quem foram as pessoas que o inspiraram a criar as músicas que levam seus nomes, as Eleanor Rigbies e os Sgt. Peppers anônimos que se eternizaram na discografia da banda mais popular do planeta. Por exemplo:

Michelle, ma belle, tinha só dois anos de idade quando o pai lhe dedicou essa canção, e talvez fossem mesmo essas as únicas palavras que entendesse, já que teve um aprendizado difícil na primeira infância, demorando para começar a andar, falar e desmamar. Mas a menina cresceu esperta daí em diante, e se já provavelmente não simpatizava com a figura do pai ausente durante o auge da Beatlemania, a relação degenerou feio quando Paul inabilmente usou um suposto desenho da filha como defesa contra as acusações de que as iniciais do título da música Lucy in the Sky with Diamonds eram uma referência ao LSD. McCartney citou o trauma da morte da gata Lucy na filha, que ilustrou sua chegada num céu povoado de estrelas de diamante. A mídia sensacionalista então acusou o beatle de drogar a própria filha, e a calúnia tomou tal dimensão que para desmenti-la Paul precisou negar toda a história, revelando que, sim, nem sequer tivera uma gata chamada Lucy, mas esse era o nome do felino de olhos espiralados que lhe aparecia nos sonhos alucinógenos depois de seguir o coelho do relógio. Michelle, incentivada pelas tias, nunca perdoou o pai pelo episódio, mas não era menina de externar suas insatisfações. Contudo, trinta e um anos depois, ao abrir por acaso a internet na casa de McCartney enquanto este estava no banheiro, deu de cara com uma conversação erótica no ICQ entre Paul e uma moça chamada Rita – ele a chamava de Lovely Rita. Michelle botou a boca no trombone e só não gerou um enorme escândalo porque o pai se desfez de um quarto de sua fortuna subornando juízes e jornalistas. Mas não conseguiu evitar a separação de sua mulher Linda, vencida por um câncer de mama alguns meses depois. Michelle hoje freqüenta um psicanalista para superar o complexo de culpa pela morte da madrasta.

A voz quente de Billy Shears respondendo “yes, I’m certain that it happens all the time” à pergunta “do you believe that there is love at first sight” em uma simulação de entrevista durante a música “With a little help from my friends” costumava deixar apaixonadas as moças dos anos quarenta, ávidas por uma piscadela do cantor. “With a little help from my friends” foi o maior sucesso na longa carreira da sempre cambiante banda de Sgt. Pepper, chamado Coração Solitário, alcançando projeção mundial com a versão cover cantada por Ringo Starr incluída no mais famoso álbum dos Beatles. Billy Shears foi o crooner de maior destaque da banda de Sgt. Pepper, que não diferia muito em estilo de tantas outras que circulavam em eterna turnê pelo interior dos Estados Unidos, interpretando clássicos do cancioneiro americano em festivais de pecuária e feriados regionais, em cima de coretos e palcos temporários ao ar livre. A grande diferença era que a banda era também um projeto social. Sgt. Pepper era um idealista, que movido pela paixão pela música e pela sede de mudar o mundo, reunia jovens carentes e lhes oferecia treinamento musical nos fundos de casa. A banda tinha alta rotatividade, pois assim que Pepper via que um músico já tinha amadurecido o suficiente para não precisar mais de sua ajuda, dispensava-o e escolhia um de seus alunos para substituí-lo. Billy Shears era a exceção. O enorme prejuízo que a banda dava para a pequena e em breve extinta fortuna do sargento viram no garoto descoberto num reformatório juvenil a melhor solução. Billy, além da voz grave e limpa, tinha excelente postura de palco e se revelou um incrível chamariz de público para a banda. Mas ao contrário do que fazia crer nas moças da platéia ao declarar sua certeza no amor à primeira vista, tinha caráter incerto e um indomável pendor para a cafajestagem. Shears gastava imprudentemente o dinheiro ganho com o grupo, e suas atitudes grosseiras e arrogantes nos bastidores provocaram sérias discussões com Sgt. Pepper, que mais de uma vez o expulsara da banda, mas sempre o readmitia ao vê-lo regressando em estado deplorável e implorando clemência algumas semanas depois. O sargento era um ardoroso defensor da bondade intrínseca da alma humana, e sempre lhe dava outras chances. Em seu último afastamento, entretanto, Billy Shears resolveu que seguiria carreira própria. Extremamente talentoso, mas desorganizado, alcoólatra e sem um agente que pudesse administrar sua agenda, marcava shows às vezes com intervalos mínimos, o que o forçava a dirigir a noite inteira entre duas cidades. Numa delas, acabou atropelando Jojo, por coincidência um velho desafeto, – Jojo was a man who thought he was a woman – nas palavras maldosas de Billy. Jojo foi arremessado a vinte jardas de distância pelos cento e quarenta quilômetros por hora do Opel de Shears, e nem se este houvesse parado para socorrê-lo teria sobrevivido. Dado que a fama e a reputação de encrenqueiro do cantor já eram bastante conhecidas, o caso tomou grande dimensão no estado. O Sgt. Pepper, a quem Billy já se encarregara de abalar as convicções, se desiludiu de vez e aposentou a banda. No livro que escreveu sobre sua experiência de vinte anos funcionando como fábrica de músicos, disse, na última página, que o ser humano é naturalmente bom – mas há exceções. Essa frase virou slogan e foi usada em cartazes pelos espectadores do julgamento de Billy Shears, que pegou quinze anos de regime semi-aberto.

Molly foi a última das amigas de Eleanor Rigby a arranjar marido. Apesar dos oito graus de miopia e da voz fanha, Molly foi capaz de fascinar o feirante Desmond, e agora eles eram Desmond & Molly Jones. Eleanor Rigby, 43 anos, pegou o buquê de flores arremessado pela amiga disputando com garotas de metade da sua idade, e já era a quarta vez seguida que era ela a premiada. Ficara evidente que as amigas estavam tentando dar um empurrãozinho, mas Rigby parecia destinada a terminar a vida sozinha. Entretanto, do outro lado do corredor que cobria de arroz os recém-casados estava Judlon, e para ele a festa era secundária. Contemplava Eleanor Rigby, seu semblante de frustração mal-disfarçada, e se perguntava se ela sequer se lembrava dele. Judlon e Eleanor estudaram na mesma High School, lá se vão vinte e tantos anos, no tempo em que Eleanor Rigby era uma das meninas mais fascinantes do colégio. Era bonita e vinha de família rica, os gracejos e cantadas lhe chegavam de todos os garotos da turma. O único que se calava diante da bela Eleanor era o próprio Judlon, que de todos era o mais apaixonado, e por isso mesmo, o mais reticente em abordá-la. Um dia, no entanto, o pai de Rigby perdeu toda a sua fortuna numa jogada errada na bolsa de valores, e pulou da janela. Elly passou da riqueza à miséria em questão de dias, acabou excluída do grupo das garotas mais populares, e em breve teve que se retirar do colégio, pois não tinha mais como pagar. Tentou seguir o exemplo do pai e se matar, mas foi descoberta a tempo pela irmã mais velha, inconsciente com a cabeça no fogão. Começou a comer chocolates compulsivamente e desde então nunca mais foi a mesma. Judlon, contudo, não a havia esquecido. É verdade que a fixação foi ao longo dos anos esmorecendo, mas ao encontrá-la por acaso no casamento do amigo Desmond, aflorou inteira mais uma vez. Ele tentou dirigir-lhe a palavra mais de uma vez durante a cerimônia, mas não se impôs o suficiente para ser ouvido. Resolveu, logo após o casamento, subir uma das colinas ao lado da paróquia, onde morava, recluso numa caverna, um senhor barbado raquítico que o povo da cidade apelidou sarcasticamente de “Fool on the Hill”. Também Judlon nunca levara muita fé no velho, mas seu amigo Desmond repetia que ele era um mago, um conselheiro espiritual que se corretamente interpretado, transformaria qualquer homem num rei. Assim que chegou, o Fool pegou-o firme pelo braço e começou um discurso incongruente sobre morsas, pingüins e Edgard Allan Poe. Depois de dez minutos de abstração, olhou Judlon nos olhos e lhe disse: “Hey Jude, don’t make it bad!” E só então largou-lhe o braço, acendeu o longo cachimbo e entrou num transe que iria durar horas. Judlon saiu atordoado da colina, não entendeu nada da prosa surrealista do velho, mas sentiu-se impelido a procurar Eleanor Rigby e lhe pedir em casamento, e foi o que fez. Eleanor não se lembrava de Judlon, mas aceitou a proposta mesmo assim. Os dois se casaram três semanas depois, e hoje ainda vivem juntos. O buquê atirado pela noiva foi pego por Lady Madonna.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Marks & Spencer

Seis uanabi-designers batendo perna uma semana em London London, não precisou completar o primeiro dia pra gente esbarrar na maior catedral das artes gráficas da cidade. E não estou falando da Tate Modern, esse incrível projeto arquitetônico que converteu recentemente um galpão de fábrica em museu, exibindo toda a esquizofrenia e sensacionalismo que chamam por aí de arte conteporânea. E nem tampouco do Design Museum, com sua fila traçando a história das cadeiras do século vinte (em tudo que isso tem de ridículo) e as cinco libras que cobram na entrada (achou pouco, multiplica por quatro e meio). Porque design é produto muito efêmero pra se pendurar em parede de museu, os melhores você acha na rua, no cardápio do restaurante, no programa do teatro, na prateleira do supermercado. Principalmente se for um supermercado da rede Marks & Spencer.

O Marks & Spencer é um supermercado diferente. Não tem sucrilhos Kellogs, nem presunto Sadia, nem arroz Tio João. Tem sucrilhos, presunto e arroz, como cabe a qualquer supermercado, mas todos de marca própria. Não há um só produto da rede que não leve o selo Marks & Spencer, o mundo ideal para qualquer programador visual, que pode projetar a identidade da empresa desde o letreiro na porta até a tabela de nutrientes na embalagem de lasanha congelada. O resultado é um ambiente coerente, onde a sinalização interna combina com a ração de cachorro, o uniforme do caixa casa com o sabão em pó, tudo faz parte da mesma linguagem gráfica, em vez do carnaval que é um supermercado comum, com cada produto tentando chamar a atenção pra si. E o melhor é que eles levaram o projeto todo com a maior sobriedade, sem embalagens com splashs de colecione as tampas de margarina, de responda qual é o melhor e ganhe um carro, de ajude o nescauzinho júnior a achar nas palavras cruzadas o nome de todas as vitaminas que o papai toddy possui.

É claro que tudo isso não adianta de nada. Nós seis, quer público-alvo mais evidente que esse, depois de uma hora admirando o brilhantismo da coisa, a forma como foi feita o sistema de hierarquias dos produtos, em que os tipos de leite têm uma organização visual subordinada ao grupo maior dos laticínios, que por sua vez são parte de um conjunto maior de matinais e assim por diante, saímos sem comprar nada. Tava caro. Melhor ir na filial do Guanabara e comprar uns sanduíches de pão de forma por uma libra e prevenir a inanição sem doer no bolso. O Marks & Spencer, aliás, está à beira da fal⁄ência. O valor de suas ações na bolsa caiu em dois terços, não possui mais do que um quarto do número de lojas do agora primeiro colocado no segmento. Isso porque a companhia insistiu em aumentar descomunalmente sua margem de lucros, e porque quis manter os fornecedores britânicos enquanto os competidores buscavam países mais em conta de onde importar seus produtos, e porque sua história centenária não tem mais apelo aos consumidores jovens. Todos assuntos muito mais importantes, que não tem nada a ver com design gráfico, mas que ressaltam que o que vende mesmo é preço e marketing. Design mesmo, só serve pra eu (tentar) ganhar dinheiro fazendo o que gosto.

Profile

Rodrigo Rego

Sou designer, fascinado por bandeiras, jogos de tabuleiro, países distantes, e uma miscelânea de assuntos destilados quase semanalmente neste espaço.

Visite meu site, batizado em votação feita aqui mesmo, Hungry Mind.

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+55 21 91102610
Rio de Janeiro

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