sábado, abril 18, 2009

The Kinks


E já que estamos falando de transgressores modernos, não custa prestar homenagem ao pai de todos. O grupo inglês The Kinks foi o mais do contra de toda a contracultura, justamente por não tê-la seguido.

Os Kinks eram ainda um entre dezenas de protoBeatles que surgiram na Inglaterra quando, sabe-se lá por quê, tiveram o visto americano negado. Impedidos de entrar em contato com a psicodelia, usaram a tradição inglesa como fonte de inspiração.

Agora imagina a coragem necessária para, sem abrir mão do rock, subverter a subversão e se apegar aos valores desprezados por todas as outras bandas. Em Village Green Preservation Society, o vocalista Ray Davies defende a geléia de morango, a virgindade e o Pato Donald. Já na sutil e bizarra Autumn Almanac, a melhor da banda, ele reclama sobre suas costas reumáticas numa música sobre jardinagem.

Os Kinks também compunham canções de amor. Amor livre, sexo tântrico? Claro que não. Party Line, por exemplo, é pesada, ganchuda e fala sobre… tele-amizade! É mole?

Na época do flower power, ninguém entendeu e os melhores discos quase não venderam. Só hoje se constata que as músicas dos Kinks não envelheceram, ao contrário das tão celebradas bandas psicodélicas.

Pra quem quiser conhecer, segue o meu top ten, com links para o YouTube:

1. Autumn Almanac
2. Dead End Street
3. Days
4. Sunny Afternoon
5. Party Line
6. Lincoln County
7. Starstruck
8. Village Green
9. Harry Rag
10. Alcohol

* * *

Outras bandas sessentistas com posts no blog:
- Beatles
- Beach Boys

domingo, abril 05, 2009

Adeus, Google

Este post provavelmente só vai interessar a designers.

Parece que duas semanas atrás, o diretor de design do Google pediu demissão. O que a princípio parece loucura, ele defendeu com argumentos bastante razoáveis em seu blog. O post obviamente repercutiu horrores, com boas análises sobre a maneira como o Google encara o design gráfico, aqui e aqui.

Assino embaixo de ambas, mas quero falar de um detalhe menor do post demissionário, quase um lapso escapulido numa distração: o autor revela que foi o primeiro designer gráfico da empresa, contratado em 2005. O Google passou oito anos sem nenhum profissional da área. Isso me leva a pensar imediatamente que:

Uma empresa pode crescer a ponto de se tornar a mais poderosa e relevante do mundo prescindindo de designers gráficos.

Será, então, que design gráfico é realmente decisivo? Aprendemos a achar que quando a comunicação visual debuta em um setor "virgem", a empresa que optou por se fazer valer do bom design ganha mercado da concorrência. Mas e quando o mundo está saturado de design gráfico, o que acontece? Meu palpite:

A ausência de design gráfico é um dos diferenciais do Google.

Afinal, o requinte visual está tão associado ao marketing, e este, tão associado à mentira, que talvez uma página branca e um logo WordArt acabem representando o oposto: verdade e confiança (e o famoso slogan "Don't be evil" só ajuda).

Pode ser por estar imerso demais na profissão, mas há algum tempo tenho a impressão de que, se o design gráfico não for absolutamente brilhante, a alternativa mais eficaz é a ausência de design gráfico (desde que respeitado o bom senso, evidentemente). E como eu não sou capaz de produzir design nesse nível (e nem você, seu convencido), acho que essa foi a principal razão de eu ter mudado meu foco de atuação para o design interativo.

Algumas vantagens do design interativo sobre o design gráfico:

  1. É mais recente. A maior parte do trabalho na área é feito por amadores, e mesmo o que é feito por profissionais geralmente é ruim. Ter um design interativo medíocre ainda é melhor do que não tê-lo. E mais: ser um ótimo designer interativo não é tão difícil assim, pois ainda há muitas idéias a serem exploradas.
  2. Não se percebe a ligação entre o design interativo e o marketing, portanto, ninguém vê como a atividade como má. E o detalhe sórdido: um bom design interativo faz muito mais pelas vendas de um produto do que um bom design gráfico.
  3. Os certos e errados são mais fáceis de serem e mensurados. Eu gosto de deitar na segurança dos números para embasar uma decisão de design. Mas isso é meu lado do contra falando, tenho certeza que estaria aqui reclamando que não posso viajar na maionese se fosse engenheiro.
* * *

Posts relacionados:
- Marks & Spencer
- Eu não gosto de design
- Pubidê - Publicitários Idealistas

Profile

Rodrigo Rego

Sou designer, fascinado por bandeiras, jogos de tabuleiro, países distantes, e uma miscelânea de assuntos destilados quase semanalmente neste espaço.

Visite meu site, batizado em votação feita aqui mesmo, Hungry Mind.

rodrego(arroba)gmail.com
+55 21 91102610
Rio de Janeiro

Links
Melhores Posts
Posts Recentes Arquivos Powered by Blogger

Creative Commons License