sexta-feira, agosto 29, 2008

Um filme pra cada ano de vida

Pra acabar com a chochice silenciosa deste blog (não minha, que eu tou mais prolixo do que nunca, é a de vocês mesmo), vamos botar em pauta um assunto que todo mundo adora dar opinião. Listas de filmes.

Um filme pra cada ano de vida. Vi isso em algum lugar e resolvi copiar. Que jeito legal de empilhar filmes, e que bom que eu não tenho 85 anos. Vamos lá:

1983 – Zelig
Vi esse na casa do Mauro, há uns 4 anos, não lembro a troco de quê eu estava lá. Precisa de um bom motivo pra subir aquela ladeira. Acho que só eu me diverti vendo o Woody Allen como um cara que incorpora os trejeitos e a aparência de qualquer pessoa que se aprochegue dele.

1984 – Amadeus
Quando eu tinha uns doze anos, meu pai resolveu me aculturar empurrando vários clássicos do cinema. O tipo de iniciativa coalhada de boas intenções que só traumatiza a pobre da criança. Nunca mais vi Lawrence da Arábia, Vento Levou, Os Pássaros, Chaplin. Só Amadeus que era tão bom que anos depois entrou até no meu top ten.

1985 – De volta para o futuro

1986 – A pequena loja dos horrores
Uma planta carnívora ET gigante cantando num musical na época já era suficiente pra mim, mas depois que você cresce e aprende a identificar Rick Moranis, Steve Martin, Jim Belushi e Bill Murray, fica melhor ainda.


1987 – Os intocáveis

1988 – Um peixe chamado Wanda

1989 – Faça a coisa certa
Sempre fiquei reticente com essa coisa de filme realidade da favela. Acabou que este é o melhor de todos os filmes de gueto, com todos os elementos que eu detesto mas bom demais mesmo assim.



1990 – Os bons companheiros
Saí do cinema de joelhos depois de Infiltrados, mas pensando, como é que eu não gosto de nenhum outro filme do Scorcese? Dormi em Taxi Driver, bocejei em Cassino, vi Touro Indomável duas vezes porque tinha esquecido que vi da primeira vez. Aí cheguei aos goodfellas, e pronto, afinal outro filme muito bom.

1991 – A bela e a fera
Fui empurrado ao cinema sob protestos de “não sou mais criança”, e depois da cena da batalha entre humanos e objetos, perdi pra sempre qualquer preconceito com desenho animado.


1992 – Esqueceram de mim 2
O filme mais ansiosamente esperado da minha vida. Chegamos muito tempo adiantados ao cinema de Petrópolis e entramos na sessão com a anterior ainda comendo solta. Fiquei uma hora de olhos e ouvidos tapados para não absorver nada fora do contexto. E mesmo depois de tanta expectativa, Kevin McCallister foi direto pro meu top ten de antanho (eu já fazia naquela época).

1993 – Feitiço do tempo
Não bastasse o nome, a capa do DVD é o Bill Murray com cara de Chevy Chase preso num relógio. E ainda tem a Andy McDowell. Me recusava a ver um troço desse, mas a Paula insistia, e ela gosta de Kubrick e Truffaut, então acabei cedendo.



1994 – Pulp Fiction
Acho que foi o primeiro filme pra mais de 18 anos que vi, e eu já devia ter uns 13. Meu tio alugou lá em Petrópolis, e eu vi numa TV capenga e chiada enquanto as pessoas esmurravam o totó. E mesmo assim atinei que era o melhor filme que eu já tinha visto.


1995 – Antes do amanhecer

1996 – Um drink no inferno

1997 – Mera Coincidência

1998 – O show de Truman

1999 – O mundo de Andy
Vi numa sessão de cinema do curso que fiz na Inglaterra, cercado de tchecos babando ovo do Milos Forman. Hoje quem baba o ovo dele sou eu.




2000 – O Jantar
Foi o primeiro filme assumidamente cabeça que eu fui ver espontaneamente. O Jantar abriu pra mim um filão novo, dessas obras que falam pouca coisa de muita gente, contando dezenas de nacos de pequenas histórias e logo passando pra seguinte. Daí deve ter surgido o meu gosto por, entre outros, o livro Vida, Modo de Usar.

2001 – A Experiência
Li uma sinopse interessante perdida entre centenas de outras na programação do Festival do Rio e fui. Filmaço, violento e agoniante como só os alemães conseguem. Saí por aí evangelizando os outros a ver essa jóia perdida também, mas sem o elemento surpresa, ninguém gostou tanto como eu.

2002 – Durval Discos
Vi a contragosto por causa de um trabalho de faculdade. Mas com esse final enervante e a trilha cheia de Sá, Rodrix e Guarabyra, acabou que este é um dos melhores filmes brasileiros.


2003 – Dogville

2004 – Antes do pôr-do-sol

2005 – King Kong
Saí do filme acreditando piamente que cinema não tem que ser sério, tem que ser só tesouros perdidos, tribos cheyennes e macacos gigantes lutando com tiranossauros caindo do abismo.


2006 – Os infiltrados

2007 – Tropa de elite
Desperta meu fantoche fascista cada vez que ouço aquela coisa do pega um pega geral, também vai pegar você.




2008 – Na natureza selvagem
Vi numa sessão de onze da noite no Fashion Mall deserto. E mesmo batendo cabeça, tenho certeza que este vai ser o melhor filme do ano.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Novos esportes em Londres 2012


segunda-feira, agosto 18, 2008

Michael Phelps

Passado oficial:
De infância pobre, morava numa ilha isolada. Tinha que nadar dois quilômetros todo dia pra ir à escola. Foi descoberto por um olheiro num tour de ornitólogos pelos Everglades.

Novo passado:
Ninguém relaciona Michael Phelps com a emenda Phelps, que chegou a ser aprovada na câmara mas foi vetada pelo presidente Clinton, em 1997. Até porque quem a redigiu foi Frederick Phelps, senador pelo estado de West Virginia e pai do futuro nadador.

Em 97 Michael já sabia nadar, mas não dedicava mais atenção ao esportedo que qualquer outro garoto de 13 anos. Todo dia sentava junto a um tutor especializado em crianças muito inteligentes, que o ajudava a escrever a gramática e o vocabulário de uma nova língua para os Estados Unidos.

Phelps tinha essa noção extremada e um pouco infantil de que uma potência mundial com os EUA não podia falar um idioma estrangeiro, era como postergar a influência inglesa para séculos além do domínio do império britânico. Dos onze aos treze anos, ele e seu tutor formularam um novo idioma baseado no iroquês, língua das nações indígenas que habitavam o entorno do lago Ontario, na época dos pioneiros da colonização americana.

O novo idioma de Michael era cheio de incoerências. Não porque Phelps fosse negligente. Ele tinha apnéia do sono crônica, uma condição que, em casos extremos, provoca a morte em cadeia de neurônios. Causa: grandes períodos sem respirar ao dormir, totalmente involuntários e difíceis de perceber sem um irmão na cama ao lado pra reclamar dos roncos.

Aos treze anos, Phelps tinha cerca de 70% da capacidade intelectual que possuía aos onze. Por isso, ao revisar sua nova língua, deixou passar vários erros e ainda fez opções erradas, como coalhar as palavras de acentos. Segundo ele, porque os sons nasais do iroquês não podiam ser reproduzidos usando o alfabeto seco. Mas seu tutor confidenciou que Phelps invejava a variedade das línguas latinas e eslavas, queria transferir essa mística pro idioma americano.

Mesmo depois de ouvir as ponderações de especialistas, o congresso inflado de nacionalismo levou adiante a emenda de Frederick Phelps, mas Clinton, com medo da polêmica em ano de eleição dos governadores, recuou.

Phelps ficou muito abatido, mas com a inteligência ainda mais reduzida, acabou seduzido por outros interesses, como esporte e mulheres.

Intrigado com a mudança de personalidade do filho, Frederick Phelps consultou uma série de especialistas até descobrir o problema. O veredicto: a apnéia era não só crônica como agravada pela incrível capacidade pulmonar de Michael. E irreversível.

Estancado o processo de retardamento, Phelps ainda teve tempo de ter uma grande idéia: usar os anos de treinamento involuntário em apnéia para se tornar o melhor nadador do mundo, e assim arrumar outro jeito de dar vazão a sua ambição e seu patriotismo.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Atletismo em Pequim 2008



terça-feira, agosto 12, 2008

Passados inventados de celebridades mentirosas

Voltei hoje de uma palestra sobre assessoria de imprensa que mexeu com a minha visão sobre celebridades. Não, eu não quero virar assessor de imprensa, continuo feliz e cada vez mais rico como freelancer. Mas minha irmã Camila tinha esse simpósio sobre profissões para ir aqui perto de casa e eu a levei.

Aprendemos sobre metiês da comunicação, como jornalismo, relações públicas, rádio e TV, publicidade, e o show da noite, assessoria de imprensa.

Eu não sei se é sabido de todos na classe média vestibulanda, porque eu fiquei chocado e não encontrei ninguém com quem compartilhar minha surpresa. Pois parece que, aparentemente, todas as celebridades fabricam para si com seus assessores de imprensa uma nova história pregressa, sem nenhum compromisso com seu passado real.

De acordo com o que a palestrante pimposamente contava, o curso de Assessoria de Imprensa de ESPM tem uma cadeira específica sobre como ficcionar o passado das famosidades. Passando pela ementa, ela explicou que os roteiros em geral caem em duas fórmulas mais usadas, ambas tiradas de argumentos clássicos de Hollywood.

1. A infância pobre: abarca as estórias das estrelas que precisaram vencer adversidades para brilhar. Pai violento, mãe ausente, vítima do tráfico, bebê boiando numa cesta no rio, todas entram nessa categoria.

2. Gênio incompreendido: encompassa aqueles cujos dotes mais evidentes demoraram a ser percebidos ou brotaram de repente. Se a celebridade em questão é um famoso cientista, ele dormia de tédio nas aulas de matemática e tirava nota baixa. Se é musa de TV, não tinha beijado até os 16 anos, porque antes de ganhar bunda e peito tardiamente era uma varapau de óculos, aparelho e acnes na testa. Se é um esportista, começou na natação porque tinha asma e uma corcunda.

Agora pegue qualquer celebridade e vê se não bate. Todas caem em uma dessas situações. Ninguém era um bunda mole cuja fama caiu no colo, ninguém era trabalhador porém já rico.

Por causa disso resolvi começar uma nova série aqui no blog, em que inventaremos novos passados para celebridades. Sem se render ao mainstream e sem fantasiar só pro lado do bem. Vamos construir passados bandidos, alegres ou inócuos para todas essas caras limpas que nos sorriem da televisão.

A próxima celebridade é Michael Phelps.

Profile

Rodrigo Rego

Sou designer, fascinado por bandeiras, jogos de tabuleiro, países distantes, e uma miscelânea de assuntos destilados quase semanalmente neste espaço.

Visite meu site, batizado em votação feita aqui mesmo, Hungry Mind.

rodrego(arroba)gmail.com
+55 21 91102610
Rio de Janeiro

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